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Como Lidar Com o Mau Comportamento das Crianças? Guia de Gestão Comportamental para Pais

O comportamento desafiador por parte das crianças é um dos grandes desafios que os pais enfrentam na parentalidade. Nos momentos em que a criança se recusa a arrumar os brinquedos, a ir para a cama ou mesmo em momentos de verdadeiros acessos de raiva, pode ser difícil encontrar uma maneira eficaz de lidar com a situação.

Todos os pais encontram momentos de verdadeiro desafio no que toca à gestão do mau comportamento. Assim, neste artigo elencamos algumas técnicas para fazer face aos problemas de comportamento de forma mais tranquila e consistente, e, ao mesmo tempo, oferecer aos filhos uma oportunidade de desenvolverem as competências necessárias para regular o seu próprio comportamento.

 

Bê-á-bá da gestão comportamental em casa

Para entender e responder de maneira eficaz ao mau comportamento, é preciso pensar no que ocorreu antes e depois dele. Existem três aspetos importantes em qualquer comportamento:

  • Antecedentes: Ou gatilhos, são fatores que precedem um comportamento e tornam mais ou menos provável que ele ocorra. Aprender e antecipar os antecedentes é uma ferramenta extremamente útil para evitar comportamentos inadequados.
  • Comportamentos: As ações específicas que está a tentar incentivar ou desencorajar.
  • Consequências: Os resultados que natural ou logicamente seguem um comportamento. Consequências, sejam positivas ou negativas, afetam a probabilidade de um comportamento se repetir.

 

1º passo: Definir Comportamentos

O primeiro passo num bom plano de gestão de comportamento é identificar os comportamentos-alvo. Esses comportamentos devem ser específicos (para que todos saibam o que é esperado), observáveis e mensuráveis (para que todos possam concordar se o comportamento ocorreu).

Um exemplo de um comportamento mal definido é "portar-se mal" ou "ser bom".

Um comportamento bem definido seria "correr pela sala" (mau comportamento) ou "começar a fazer os trabalhos de casa na hora" (bom comportamento).

 

2º passo: Definir os Antecedentes a Evitar e os a Apoiar

Alguns antecedentes promovem comportamentos maus, enquanto outros são ferramentas úteis que ajudam os pais a gerir comportamentos potencialmente problemáticos antes de começarem e a reforçar o bom comportamento.

Antecedentes a EVITAR:

  1. Assumir que as expectativas são entendidas: Não assuma que as crianças sabem o que se espera delas - explique claramente! Aquilo que é esperado muda de situação para situação, e quando as crianças não têm certeza do que devem fazer, é mais provável que se comportem mal.

  2. Dar ordens/instruções à distância: Opte por dar instruções à criança quando está fisicamente próximo dela. Dar uma ordem ou instrução, gritando de uma divisão da casa para outra, é menos eficaz, uma vez que, há menos probabilidade daquilo que disse ser lembrado e compreendido.

  3. Transições sem aviso prévio: As transições podem ser difíceis para as crianças, especialmente quando estão a meio de algo que gostam. Dar um aviso prévio oferece às crianças a oportunidade de encontrar um ponto de término da atividade adequado e torna a transição menos stressante.

  4. Fazer uma série de perguntas rapidamente ou dar uma série de instruções: Fazer uma série de perguntas ou dar várias instruções às crianças reduz a probabilidade de que elas ouçam, respondam às perguntas, lembrem-se das tarefas e executem o que foi instruído.

Antecedentes a APOIAR:

Seguem-se alguns antecedentes que podem reforçar o bom comportamento:

  1. Esteja atento à situação: Considere os fatores ambientais e emocionais, como fome, fadiga, ansiedade ou distrações, que podem dificultar o controlo do comportamento das crianças.

  2. Adapte o ambiente: Quando chegar o momento de realizar os trabalhos de casa, é importante eliminar potenciais distrações, como ecrãs e brinquedos. Além disso, providencie alguns snacks, estabeleça um espaço de trabalho organizado e planeie intervalos, pois a capacidade de concentração da criança não é ilimitada.

  3. Clarifique as expectativas: Obterá uma maior cooperação se tanto você quanto a criança tiverem um entendimento claro do que é esperado. Sente-se com ela e explique o que espera dela. Mesmo que a criança já "devesse" saber o que é esperado, esclarecer as expectativas no início de uma tarefa ajuda a evitar mal-entendidos posteriormente.

  4. Forneça contagens regressivas para transições: Sempre que possível, prepare as crianças para uma transição iminente. Avise-as, por exemplo, quando tiverem, 10 minutos restantes antes de jantar. Em seguida, lembre-as quando faltarem, 2 minutos. 

  5. Deixe a criança fazer escolhas: À medida que as crianças crescem, é importante que tenham voz. Oferecer uma escolha estruturada, por exemplo, "Queres começar pelos TPCs de matemática ou português?" ou, "Queres tomar banho depois do jantar ou antes?" - pode ajudá-las a sentir-se empoderadas e incentivá-las a tornarem-se mais autónomas.

 

3º passo: Estabelecer consequências eficazes

Nem todas as consequências são iguais. Algumas são uma excelente forma de criar estrutura e ajudar as crianças a entender a diferença entre comportamentos aceitáveis e comportamentos inaceitáveis, enquanto outras têm o potencial de causar mais mal do que bem. 

Consequências a EVITAR

  1. Dar atenção negativa: Para as crianças, qualquer tipo de atenção, seja ela positiva ou negativa, é melhor do que nenhuma. Isto porque valorizam a atenção dos adultos que lhes são significativos. Atenção negativa, como elevar a voz ou aplicar castigos físicos, aumenta o comportamento inadequado ao longo do tempo. Além disso, responder a comportamentos com críticas ou gritos afeta negativamente a autoestima das crianças.

  2. Consequências demoradas: As consequências mais eficazes são imediatas. A cada momento que passa após um comportamento, a criança fica menos propensa a relacionar o seu comportamento com a consequência. Isso transforma a consequência em algo punitivo apenas pelo ato de punir, e é muito menos provável que efetivamente mude o comportamento.

  3. Consequências desproporcionais: Os pais compreensivelmente podem ficar muito frustrados. Em certos momentos, podem ficar tão frustrados que reagem de forma exagerada. É importante que as consequências não sejam demasiado severas.

  4. Consequências que mantêm o comportamento indesejado: Quando uma criança demora a calçar os sapatos ou a arrumar os brinquedos, e, por frustração, os pais fazem isso por ela, estão a aumentar a probabilidade de a criança demorar novamente na próxima vez.

Consequências EFICAZES

 

 

Consequências mais eficazes começam com a atenção aos comportamentos que deseja incentivar.

  1. Atenção positiva para comportamentos positivos: Dar reforço positivo à criança por se comportar bem ajuda a manter o bom comportamento. A atenção positiva melhora a qualidade da relação, aumenta a autoestima e é benéfica para pais e filhos.

  2. Ignorar ativamente: O ignorar deve ser usado APENAS com comportamentos menos significativos. Agressividade e comportamentos altamente destrutivos NÃO devem ser ignorados. Ignorar ativamente envolve retirar deliberadamente a atenção quando uma criança começa a portar-se mal - enquanto ignora, aguarda-se que o comportamento positivo recomece. Deve-se dar atenção positiva assim que o comportamento desejado recomeçar. Ao reter a atenção até que o comportamento positivo seja retomado, ensina-se à criança que o comportamento adequado atrai atenção.

  3. Quadros de recompensas: Recompensas são uma forma tangível de dar feedback positivo às crianças pelos comportamentos desejados. Uma recompensa é algo que a criança ganha, um reconhecimento de que está a fazer algo que lhe é difícil, por exemplo, uma guloseima especial, mais tempo de brincadeira etc. As recompensas devem estar ligadas a comportamentos específicos e ser entregues de forma consistente.

  4. Tempo de pausa: O tempo de pausa (TP) é um momento que deve servir para a criança recuperar a calma, refletir sobre as suas ações e encontrar outras formas de agir, criando assim um sentido de autorresponsabilização. Dê à criança um breve período sem atenção dos adultos, ou distrações, que não deve exceder 5 minutos (geralmente, adota-se 1 minuto por cada ano de idade da criança). Durante o TP, não se deve falar com a criança até que o tempo termine. O TP deve terminar apenas quando a criança estiver calma por um curto período, para que ela associe o fim do tempo de pausa com esse comportamento desejado. Se o TP foi aplicado por não cumprir uma tarefa, uma vez que termine, deve-se instruir a criança a completar a tarefa original, para evitar que a criança comece a ver os tempos de pausa como uma estratégia de fuga. Deve explicar claramente quais comportamentos resultam num "tempo de pausa". Normalmente, esses comportamentos incluem desobediência, comportamento desafiador ou de oposição, agressão ou comportamentos destrutivos. 

 

Esperamos que as estratégias elencadas lhe sejam úteis. Se precisar de apoio na gestão de mau comportamento do seu filho, não hesite em contactar-nos. Os nossos profissionais estão disponíveis para o ajudar!

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