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A Dor Silenciosa: Compreender os Comportamentos Autolesivos na Adolescência

A adolescência é uma fase de intensas mudanças emocionais e sociais, e muitos jovens enfrentam desafios significativos durante este período. Infelizmente, alguns adolescentes recorrem a comportamentos autolesivos como uma forma de lidar com a dor emocional que estão a enfrentar. Esses comportamentos, como cortar-se, queimar-se ou praticar outros atos autolesivos, são sinais de angústia emocional e requerem atenção e compreensão.

 

Compreender Comportamentos Autolesivos

Os comportamentos autolesivos na adolescência são complexos e multifacetados. Muitas vezes, podem ser uma expressão externa de uma dor interna profunda, sendo uma forma de aliviar sentimentos avassaladores ou encontrar uma sensação temporária de controlo. É crucial reconhecer que estes comportamentos não são meramente uma tentativa de chamar à atenção, mas sim um sinal de sofrimento emocional subjacente.

Existem diferentes tipos de comportamentos autolesivos como:

  • cortar, arranhar, ou marcar-se a si mesmo;
  • retirar as crostas para que não cicatrizem;
  • puxar/arrancar o próprio cabelo;
  • queimar-se;
  • morder, magoar ou bater em si mesmo;
  • bater partes do corpo em algo duro.

 

Sinais de Comportamentos Autolesivos

Adolescentes que praticam comportamentos autolesivos, muitas vezes tentam escondê-lo. Frequentemente, têm vergonha do seu comportamento e temem que as pessoas fiquem zangadas, os rejeitem ou não entendam por que estão a fazê-lo.

Se está preocupado com a possibilidade do seu filho se estar a magoar a si mesmo, aqui estão alguns sinais a serem observados:

  1. Cortes ou Marcas Inexplicáveis: Observar cortes ou marcas inexplicáveis nos braços, pernas ou outras partes do corpo pode ser um indicador de comportamento autolesivo.
  2. Evitar Atividades como natação, onde as suas pernas, braços ou tronco possam ser vistos, ou usar roupas que cubram os seus braços e pernas, mesmo em dias quentes, podem ser uma tentativa de esconder marcas.
  3. Isolamento Social: Adolescentes que praticam comportamentos autolesivos muitas vezes tendem a isolar-se socialmente. O isolamento pode ser uma forma de esconder a sua dor e evitar perguntas desconfortáveis, ou um dos fatores contribuintes para este tipo comportamentos. 
  4. Mudanças no Comportamento Alimentar: Variações extremas no comportamento alimentar, como a recusa em comer ou compulsões alimentares, podem estar relacionadas com problemas emocionais.
  5. Declínio no Desempenho Escolar: O sofrimento emocional pode afetar o desempenho académico. Um declínio repentino nas notas ou falta de interesse na escola pode ser um indicador.
  6. Fatores Emocionais: Como mudanças de humor, ficar irritado a maior parte do tempo, ter explosões de temperamento contínuas, sentir-se triste, vazio ou sem esperança, sentir-se inútil ou muito culpado, e parar de se preocupar com a sua aparência. 

 

O Que Fazer Se o Seu Filho Tem Comportamentos Autolesivos

Ao abordar a questão dos comportamentos autolesivos na adolescência, é fundamental agir com sensibilidade e compaixão
É natural que sinta medo, culpa, choque, pânico ou até raiva. Pode ser difícil entender o que está a acontecer e porquê – e o seu filho pode não ter palavras para lhe contar. Mas mantendo a calma, sendo respeitoso e tranquilizador, não julgando ou reagindo negativamente e ouvindo ativamente, poderá compreender melhor os pensamentos, sentimentos e comportamento do seu filho e ter ideias sobre como ajudar.

Quando descobre que o seu filho tem comportamentos autolesivos é melhor evitar reagir com raiva ou ameaças. Dizer que o seu filho está a fazê-lo apenas para chamar a atenção também não ajudará.

Preste os primeiros socorros em caso de cortes ou ferimentos com calma e sem complicações. Procure atendimento médico para qualquer ferimento que pareça sério. Pode dizer algo como: "Gostaria de ajudar-te a curar esses cortes" ou "Vamos buscar um antisséptico para ajudar estes cortes a cicatrizarem rapidamente". Pode fazer algumas perguntas ao seu filho sobre a automutilação, mantendo em mente que as pessoas que se automutilam podem sentir vergonha disso. Por isso, é importante manter a calma, não julgar e ouvir em silêncio, sem interromper.


Por exemplo:

"Reparei nas cicatrizes no teu braço.Podes contar-me sobre os momentos em que te magoaste?"
"O facto de te estares a magoar a ti mesmo mostra-me que estás em sofrimento. Podes não gostar do facto de eu ter descoberto. Não vou fazer muitas perguntas agora, mas quero ajudar – quando estiveres pronto."

 

Outras Formas de Apoiar Adolescentes com Comportamentos Autolesivos

  1. Comunicação Aberta: Estabelecer um ambiente onde os adolescentes se sintam confortáveis para falar sobre os seus sentimentos é crucial. Ouvir sem julgamento é essencial.
  2. Procura de Ajuda Profissional: Incentivar a procura de ajuda profissional é vital. Psicólogos e pedopsiquiatras têm as ferramentas necessárias para lidar com questões emocionais complexas. Agende a sua consulta aqui.
  3. Envolvimento Familiar: O apoio familiar desempenha um papel crucial. Envolver a família no processo de recuperação pode fortalecer os laços emocionais e proporcionar um sistema de apoio estável.
  4. Educação sobre Saúde Mental: A educação sobre saúde mental é fundamental. Destacar a importância de cuidar da saúde mental, assim como da saúde física, ajuda a reduzir o estigma associado aos problemas emocionais.

 

O Que Fazer Se Eu Tenho Comportamentos Autolesivos

Podes tentar as seguintes estratégias quando sentires vontade de te magoar:

  • Encontra alguém com quem te sintas confortável para te distrair dos teus pensamentos.
  • Contacta um serviço de suporte online ou por telefone, como SOS Voz Amiga através do 213 544 545.
  • Faz atividades de atenção plena, exercícios respiratórios ou relaxamento muscular. 
  • Faz uma caminhada ou uma corrida.
  • Faz algo criativo, como desenhar, escrever ou tocar música.
  • Substitui a automutilação por outra coisa, como desenhar no corpo com uma caneta, esfregar gelo na pele, colocar um elástico no pulso e sacudi-lo suavemente, gritar ou bater na almofada, ou comer algo picante.

 

Conclusão

Tentamos com este artigo sensibilizar sobre a presença dos comportamentos autolesivos na adolescência e a destacar a importância de oferecer apoio e compreensão. Ao reconhecer os sinais, promover a comunicação aberta e encorajar a procura de ajuda profissional, podemos ajudar os adolescentes a superar a sua dor emocional e a construir um caminho para o bem-estar.

 

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